Terapia de infusão com fluídos e reposição da volémia
A terapia de infusão com fluídos e reposição da volémia é uma terapia comum nos hospitais. As soluções de perfusão fazem parte dos fármacos prescritos com maior frequência. Nesta imensa área terapêutica, o êxito do controlo de fluídos por via intravenosa depende da distinção clara entre o conceito de reposição de fluídos e de volume.
Prescrição
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O objetivo da perfusão com fluídos é repor ou compensar um défice existente ou iminente no espaço extracelular em consequência de perdas de fluídos renais, entéricos ou cutâneos. As perdas de fluídos são geralmente tratadas com soluções cristaloides uma vez que as soluções eletrolíticas isotónicas se encontram distribuídas por todo o espaço extracelular (plasma e espaço intersticial).
A reposição de volumes tem como objetivo substituir a volémia intravascular para uma hipovolémia adequada de forma a manter a hemodinâmica e os sinais vitais. Para atingir este objetivo terapêutico, devem ser administradas soluções coloides e cristaloides.
A perda aguda de volume intravascular pode levar a situações fatais. Podem tratar-se de perdas relativas, como em casos de choque anafilático ou sético, em que a vasodilatação patológica leva a uma redução significativa da pressão arterial ou de perdas de volume absolutas, como acontece em casos de queimaduras ou hemorragias agudas.
As soluções coloides que apresentam uma pressão osmótica coloidal (COP), como soluções de perfusão baseadas em gelatina ou amido, são retidas essencialmente nos compartimentos intravasculares enquanto que a perfusão de cristaloides é principalmente retida no espaço extravascular. Um estudo efetuado em voluntários saudáveis demonstrou que apenas cerca de 30% dos cristaloides administrados por perfusão permaneceram no compartimento alvo, o espaço intravascular. Dependendo da patologia subjacente podem ser necessários volumes substancialmente superiores de cristaloides para atingir efeitos volumétricos comparáveis com os coloides.1
De acordo com as mais recentes recomendações publicadas em matéria de terapia volémica, as perdas de volumes, quer em perioperatório quer na UCI, devem ser inicialmente tratadas com soluções cristaloides adaptadas ao plasma. Caso as soluções cristaloides não sejam consideradas suficientes, devem ser administrados coloides [o hidroxietilamido (HES) não deve ser administrado a doentes em estado crítico que geralmente se encontram na UCI]. Também aqui a utilização de soluções cuja composição seja tão semelhante quanto possível ao plasma sanguíneo é considerada ideal.2
Acesso do Doente
Acesso do doente
O tipo de acesso escolhido deve depender das indicações e do doente, mas também deve ser tida em consideração a sua localização. Para efetuar uma perfusão de grandes volumes no local do acidente, a utilização de um cateter IV periférico com um diâmetro interno maior irá permitir taxas de fluxo mais altas. Situações de emergência em bloco operatório poderão tirar partido dos acessos venosos centrais existentes, no entanto, não atingirão as mesmas taxas de fluxo máximo que os cateteres IV periféricos. No caso das perfusões sob pressão efetuadas com recurso a mangas de pressão, a embalagem da perfusão deverá ser desmontável e não deverá conter ar, de forma a evitar embolias. Os acessos intra-ósseos podem salvar a vida de doentes, principalmente de crianças, que não estão estabilizados e que não possuem um acesso vascular adequado.
Preparação de Fármacos
Preparação
Uma vez que as situações clínicas que requerem técnicas de reanimação exigem uma atuação rápida, as soluções de perfusão utilizadas para a reanimação não necessitam de qualquer preparação. As soluções encontram-se armazenadas e prontas a utilizar. Existem passos adicionais que podem ser efetuados, como o aquecimento das mesmas antes da administração, por exemplo em casos de doentes em hipotermia ou o arrefecimento das soluções, em doentes com quadros de AVC em que a hipotermia é intencional.
Administração
Administração
Dependendo do quadro clínico, o aquecimento ou arrefecimento das soluções poderá ser útil, bem como a utilização de mangas de pressão para obter o máximo de volume de perfusão por hora. A utilização de bombas de perfusão volumétrica pode ser útil a longo prazo.
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Referências:
- Lobo DN, Crit Care Med 2010 Vol. 38, No.2
- S3-Guideline in Intravascular Volume Therapy. DGAI, September 2014